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segunda-feira, 15 de março de 2010

O Homem Mediano

Ultimamente eu tenho pensado muito em escrever alguns contos, mas é difícil achar a inspiração pra alguma coisa. Principalmente quando você tem se sentido tão comum e seus dias são tão iguais.

O estranho da inspiração é que muitas vezes ela vem em momentos inesperados e hoje eu estava no transito e comecei a pensar em uma história e em um argumento que poderia dar um bom pano de fundo pra um conto. Algo que poderia gerar interesse de outras pessoas e escrevi este conto abaixo.

Não esperem algo muito grandioso, este foi só um ensaio, mas acho que saiu de uma forma descente e talvez seja até ruim, mas quem quiser leia.

O Homem Médio

Por muitas vezes ele pensou no que falaria se estivesse errado.

Tudo o que ele acreditava era que a vida era só uma, que não existia nenhuma forma de consciência depois que a existência nesse mundo se esgotasse. Uma vez terminada essa vida não teria mais que se preocupar com nada. Mas o que aconteceria se ele estivesse errado? Como seria julgado por seus quase 30 anos de sua vida mediana  cheia de altos e baixos? Claro que os altos nunca chegaram no topo e os baixos nunca foram tão profundos, mas havia uma certa oscilação.

Nunca fez alguma coisa realmente boa pra humanidade, nunca participou de nenhum projeto social, nunca frequentou nenhum tipo de igreja e não acreditava em um Deus todo poderoso que comandava a humanidade.

Não influenciou realmente no rumo da humanidade, inclusive não tinha filhos e a sua morte não faria muita falta dentro da sociedade em que vivia. Morava sozinho e tinha uma vida solitária, poucos amigos e poucos amores.

Tinha um emprego comum, uma vida comum, mas sempre teve um pensamento “Você colhe o que planta”, e por este motivo sempre plantou o bem. Claro que também teve os seus pensamentos ruins em alguns momentos da vida, não se sentia um ser evoluído e muitas vezes desejou o mal daqueles que lhe fizeram mal, mas nunca cometeu algum ato que deliberadamente prejudicasse alguém. Tinha sua cota de podridão. Tinha os seus vícios, não dava a devida atenção pra família e pros amigos, mas nada de realmente ruim.

Via as notícias nos jornais e na televisão mostrando as maldades do mundo, cometidas por gente que se dizia evoluída espiritualmente ou socialmente, padres molestando crianças e pastores roubando dinheiro dos fiéis, políticos aceitando propinas empresários sonegando impostos.

Achava o mundo podre e sabia que não poderia fazer algo realmente grande para mudar essa realidade. Sempre quis ser uma pessoa diferente, mas nunca tomou atitude.

Apesar de ser ateu ele pensava no que viria a seguir. Será simplesmente o preto? O branco? Teria alguma consciência? O que falaria pra quem o julgasse? Teria realmente um julgamento?

Ao menos ele tinha argumentos, e deixava todos na ponta da língua para o caso de ser surpreendido. Sempre pensou de forma científica e nunca teve nenhuma prova da existência de Deus, nunca presenciou nenhum milagre e isso pra ele era motivo o suficiente pra provar a sua falta de crenças, seria assim que se explicaria pra Deus caso ele lhe perguntasse o motivo de não frequentar igrejas ou não acreditar na sua existência.

Eis que um certo dia, a vida se esgotou pra ele. Nada muito fora do comum,  um ataque do coração, o que era de certa forma esperado, pois com a sua vida sedentária mais hora ou menos hora o seu estilo de vida cobraria o seu preço.

A morte veio rápida e indolor, um aperto no peito e o coração parou de bombar, a dormência veio rápido e ele nada mais sentiu. Teve tempo de pensar que algumas pessoas chorariam no seu velório, mas nada mudaria muito com a sua ausência.

De repente tudo ficou preto, nada de luz e nada de elevação astral. Ele estava morto e um último sorriso brotou em seu rosto, pois ao final de tudo ele percebeu uma coisa.

Ele estava certo.
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2 comentários:

Dnees disse...

Muito bom, nego. Pra um primeiro conto está muito bom.

Continue com seus contos de maneira periódica por favor!

Abs!

Heghys disse...

Boa Gurizim de 28 ano

Gostei está de parabéns